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quarta-feira, 3 de junho de 2015

CICERO CANUDO DE LIMA

 herdeiro da doutrina sueca

Cicero Canuto de Lima, mais que um líder, foi 
 uma legenda dentro das Assembleias de Deus no 
Brasil. Ao lado de Paulo Leivas Macalão, é um dos
 nomes mais emblemáticos da denominação. Tal 
como o pastor Macalão, é impossível contar 
a história 
das ADs sem se referir ao saudoso obreiro. Mas
 como muitos pioneiros das ADs, muito se fala em 
Cícero Canuto de Lima, porém pouco se sabe sobre
 ele de fato. Quem foi esse senhor e líder? 
Segundo fontes oficiais, Cícero nasceu em 
Mossoró/RN no dia 19 de janeiro de 1893. 
Converteu-se ao pentecostalismo em 1918 na 
cidade de Timboteua, Pará. Em 1923 foi 
separado ao ministério pastoral por 
Gunnar Vingren. Cooperou nas igrejas do Pará,
 mas logo seguiu para João Pessoa capital da
 Paraíba (na época a capital do Estado da PB se
 chamava Cidade da Paraíba). Por 15 anos
liderou essa igreja. Partiu para o sul em 
1939 onde cooperou na AD em São Cristóvão,
 até que em 1946, depois de pastorear a AD em 
Santos, assumiu a AD Missão em SP. Em SP 
foram 34 anos de pastorado, o qual cessou 
somente em 1980 ao ser sucedido por 
José Wellington Bezerra da Costa.
leia em mais informações

Fora algumas informações mais edificantes
 (como em toda biografia oficial), como a sua 
experiência de conversão, perseguições religiosas
 e o Batismo com o Espírito Santo, pouco se 
comenta sobre sua personalidade, ou sobre seu 
método de trabalho. Mas como todo grande 
líder e homem que foi, Cícero teve suas 
ambiguidades e decifrá-lo ainda é um desafio
 para os estudiosos das ADs.

Uma coisa é certa: Macalão passou à história 
oficial, e ao imaginário assembleiano como 
o líder doutrinador de grande conservadorismo.
 Porém, ao longo da vida e ministério, Paulo Leivas
 foi flexibilizando. Como Cícero, Macalão foi 
contra institutos bíblicos, congressos de jovens 
e era famoso por sua "proverbial rigidez" na 
conduta moral dos membros do seu ministério. 
Contudo, com o tempo, se percebe certa abertura
 a muitas iniciativas antes condenadas por ele mesmo,
 ou por outros líderes assembleianos.

Cícero, ao contrário, não teve a mesma flexibilidade
 de Macalão. Até o fim de sua carreira, condenou 
todas
 as mudanças que, ao seu ver desvirtuavam a 
igreja. Enquanto a AD ministério de Madureira
 fazia congressos de jovens, tinha instituto bíblicos
 e círculo de oração de senhoras, a AD no 
Belenzinho permanecia engessada. O engessamento 
do ministério e sua avançada idade, ao que tudo
 indica, precipitaram à uma sucessão que fugiu 
do seu controle.

Talvez o motivo dessa inflexibilidade, fosse uma
 fixação, um reconhecimento contínuo, alimentado 
por si mesmo e por outros admiradores seus ao longo 
da vida, de pertencer ao "troco principal", ou seja, 
de ser herdeiro legitimo dos ensinamentos dos 
míticos missionários suecos. Assim, sentindo-se 
como grande fiador da "doutrina", Cícero 
desprezava qualquer inovação aos métodos 
à ele confiados pelos pioneiros.

Ao ser entrevistado pelo Mensageiro da Paz 
(nº6 de 1974), por ocasião do 50 anos de seu 
ministério, o velho pioneiro expressou seu 
desejo de "...continuar como comecei, na 
doutrina que aprendi. Nos costumes dos 
primeiros 
missionários, daqueles homens de Deus", e
 termina a entrevista afirmando 
categoricamente que "nestas bases estou 
trabalhando e pretendo seguir até que
 Deus nos permita!". Anos depois, já 
aposentado, sentindo-se esquecido dos irmãos, 
em declaração à Folha de São Paulo (18 de janeiro
 de 1982), o velho pioneiro, além de reclamar
 das mudanças realizadas por seu sucessor, 
ainda mantém o discurso da legitimidade: "Foi 
triste constatar o fato, é triste sempre quando 
vemos irmãos nossos separando-se do tronco 
principal da Igreja. Eu, hoje, represento 
e faço parte do tronco principal".

Soma-se a isso ainda, a escrita empregada nas 
matérias do Mensageiro da Paz, (principalmente
 dos anos 60) onde a AD do Belenzinho sempre se
 declara e intitula a "pioneira" e "Igreja Mãe" em 
oposição a outros ministérios tidos como 
ilegítimos e espúrios. Há sempre um tom de 
guerra velada contra outros ministérios 
da AD implantados na Pauliceia.
Porém, temos algo de contraditório em sua 
biografia. Apesar de se declarar do "tronco"
 principal, pastor da "Igreja Mãe", e herdeiro 
legitimodos primeiros missionários, pastor 
Cícero,
 juntamente com outros obreiros da 
região Norte/Nordeste, idealizou em 
Natal/RN a 1ª Convenção Geral a ser realizada na 
mesma cidade em setembro de 1930. E é notório,
 que além de ser seu primeiro presidente, ele e os 
demais pastores nativos, contestaram os 
missionários suecos, pois sentiam "necessidade de
 terem maior liberdade na condução dos trabalhos"
 e deles exigiram um novo rumo para as ADs no 
Brasil.
Essas são as voltas que o mundo dá. O herdeiro
 da doutrina sueca e das suas tradições, uma 
dia se postou contra a supremacia dos missionários. 

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