Prefácio da Epístola aos Romanos por Lutero – Parte 10
No capítulo 14, Paulo ensina que as consciências fracas devem ser
poupadas e levadas suavemente na fé, por isso os cristãos não deveriam
usar a sua liberdade para fazerem o mal, mas para apoiarem os fracos. E
se isso não fosse feito, então a discórdia e o desprezo ao Evangelho se
seguiriam, porém o mais importante é o Evangelho. Assim, é melhor
fornecer as condições para que o fraco na fé cresça mais forte, do que
ver a doutrina do Evangelho resultando em nada. Este é um trabalho
peculiar de amor, no qual ainda hoje há uma grande necessidade, pois no
que se refere a estas questões de liberdade, muitos, agindo
grosseiramente, estão sacudindo consciências fracas que ainda não
conhecem a verdade. No capítulo 15, ele apresenta o exemplo de Cristo
para mostrar que devemos sofrer por aqueles que são fracos de outras
maneiras, tais como aqueles cuja fraqueza reside em pecados públicos ou
mesmo em hábitos desagradáveis. Estes homens não devem ser abandonados,
mas cuidados até que atinjam uma estatura. Por isso Cristo fez tudo, e
ainda faz todos os dias. Ele nos suporta constantemente apesar das
muitas faltas, maus hábitos e todas as nossas imperfeições.
Finalmente, então, Paulo ora por eles, os louva e os recomenda a Deus.
Ele fala de sua missão e dos desafios da pregação do Evangelho, e pede
que os romanos gentilmente ajudem e ofertem aos pobres de Jerusalém. E
assim, tudo, seja por palavras ou obras, deveria ser conduzido com puro
amor.
O último capítulo é dedicado aos cumprimentos finais, mas junto dele há
também uma importante advertência contra as doutrinas de homens, que se
tornam ofensivas quando postas ao lado da doutrina do Evangelho. É como
se tivesse previsto que de Roma e pelos romanos viriam os sedutores e
ofensivos cânones e decretos que enredando toda a massa das leis humanas
e mandamentos acabariam por afogar o mundo inteiro, anulando esta
epístola e todos os santos das Escrituras, juntamente com o Espírito e a
fé, não permitindo que nada permanecesse, exceto a adoração do próprio
ventre, cujos agentes são por Paulo aqui repreendidos. Amém.
Assim, nesta epístola encontramos mais ricamente as coisas que um
cristão deve saber, ou seja, o que é lei, Evangelho, pecado, castigo,
graça, fé, justiça, Cristo, Deus, boas obras, amor, esperança, a cruz, e
também como devemos nos comportar para com todos, quer justos ou
pecadores, fracos ou fortes, amigos ou inimigos. Tudo isso é habilmente
fundamentado pelas Sagradas Escrituras e provado pelo seu próprio
exemplo e o dos profetas. Dessa forma, parece que Paulo queria incluir
sinteticamente nesta epístola o Cristianismo completo e a doutrina
evangélica preparando-nos uma introdução para todo o Antigo Testamento;
pois, sem dúvida, aquele que tem esta epístola bem firmada no seu
coração, tem com ele a luz e o poder do Antigo Testamento. Portanto,
permita que cada cristão se exercite continuamente nessa epístola a fim
de que Deus possa derramar a Sua graça. Amém.
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