Pelo que também Deus o exaltou
sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de
Deus Pai. (Filipenses 2.9-11)
Fazendo-o sentar à sua direita nos
lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e
domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século,
mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para
ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja. (Efésios 1.20-22)Confira toda matéria aqui em baixo
A ascensão de Jesus Cristo não apenas
garante que a igreja tem um mediador, mas também que o universo tem um
Senhor e Juiz. O salmo 24 se refere a um Cristo assunto como Rei da
Glória a quem até mesmo os portões do céu se sujeitam.[1] Visto que ele é
soberano sobre à mais alta esfera da criação, podemos assumir que ele
também reina sobre cada esfera menor, e que até mesmo os próprios
portões do inferno se sujeitam a ele.[2]
O tema do senhorio de Cristo é
prevalente tanto nas profecias do Antigo Testamento a respeito do
Messias quanto da proclamação dos apóstolos no Novo Testamento. Jesus
não é apenas o Salvador do mundo, mas também é absolutamente Soberano.
Portanto, não podemos ser fiéis à apresentação de Cristo do Antigo
Testamento ou dos evangelhos se enfatizamos o ofício de Salvador à custa
do ofício de Soberano. A realidade do senhorio de Cristo é tão
essencial à proclamação verdadeira do evangelho como a exclusividade do
ofício de Cristo como Salvador. Não é coincidência que Pedro tenha
concluído sua primeira proclamação pública do evangelho no dia do
Pentecostes com uma declaração do senhorio de Jesus: “Porque Davi não
subiu aos céus, mas ele mesmo declara: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor:
Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por
estrado dos teus pés’. Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de
Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e
Cristo”.[3]
A ascensão e exaltação de Cristo como
Senhor não deve ser tratada como uma doutrina menor a ser apontada no
final de um longo sermão sobre a cruz, nem deveria ser minimizada a fim
de evitar ofender uma cultura que tem dificuldade de encaixar um rei
soberano em sua cosmovisão. Ao invés disso, ela deveria receber seu
lugar entre as mais essenciais e proeminentes doutrinas do evangelho.
Junto com a ressurreição, a exaltação de Cristo à destra do pai foi um
tema proeminente na proclamação dos apóstolos e na igreja primitiva.
Portanto, também deveria ser um tema proeminente no evangelho que
pregamos hoje. Devemos pregar a Cristo como o Salvador que chama os
cansados e oprimidos para virem a ele sem reservas.[4] Devemos pregar a
Cristo como Senhor, aquele que exige submissão das nações e governa
sobre elas com um cetro de ferro![5] Embora pudéssemos encher volumes
inteiros com o tema do senhorio de Cristo, tentaremos abordar algumas
verdades relacionadas a essa doutrina que possui a capacidade de nos
ajudar grandemente em nosso entendimento e em nossa proclamação do
evangelho.
O fundamento do senhorio de Cristo
A primeira questão para examinar é:
“Qual é a base, ou fundamento, do senhorio de Cristo? De quem ou através
de quem sua nomeação veio?” De acordo com as Escrituras, é por seu
divino decreto. No dia do Pentecostes, Pedro declarou que foi Deus que
fez desse Jesus que foi crucificado tanto Senhor quanto Cristo.[6] Em
outras palavras, o mesmo Deus que disse a ele: “Tu és sacerdote para
sempre segundo a ordem de Melquisedeque”, também o nomeou Senhor e
Soberano de tudo.[7]
Em suas últimas palavras para seus discípulos, Cristo declarou: “Todo poder me foi dado
no céu e na terra”.[8] A partir disso, nós entendemos que seu título
como Soberano absoluto não era algo que ele tomou para si mesmo, mas que
o Deus Pai havia conferido a ele.
Davi, escrevendo sob inspiração do
Espírito, profetizou esta verdade: “Disse o SENHOR ao meu senhor:
‘Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo
dos teus pés’”.[9] Em seu confronto com os fariseus e os saduceus, Jesus
citou esse texto para demonstrar que o Messias seria mais do que um
homem e que sua soberania se estenderia muito além da esfera
terrestre.[10] De acordo com as Escrituras, Deus havia concedido que
Davi fosse o mais proeminente e poderoso dos reis de Israel, e ainda
assim Davi, no Espírito, se referiu a seu futuro Filho messiânico como
seu Senhor, que sentaria à própria destra de Deus. O apóstolo Paulo
confirmou o cumprimento dessa profecia em muitas de suas epístolas. Ele
escreveu à igreja em Filipos que Deus havia exaltado grandemente a Jesus
e lhe dado “o nome que é sobre todo nome”.[11] Para a igreja em Éfeso,
ele explicou que Deus havia assentado Jesus à sua destra, muito acima de
todo governo, autoridade, poder e domínio.[12]
É importante notar que cada texto que
temos citado apresenta a concessão de autoridade vinda do Pai para o
Filho como um evento cumprido. Embora a vindicação universal de Cristo e
a confissão de seu senhorio seja um evento ainda no futuro, ainda assim
é uma realidade presente, uma absoluta certeza da qual todos os homens
devem ser feitos cientes e na qual seu povo deve confiar. Por virtude de
quem ele é como uma recompensa por o que ele cumpriu, Jesus Cristo
recebeu do Pai toda autoridade em cada esfera da criação. Os judeus
queriam levar Jesus à força e torná-lo rei sobre Israel.[13] Satanás
ofereceu a ele todos os reinos deste mundo se ele apenas se prostrasse e
o adorasse.[14] Contudo, Cristo venceu todas essas tentações e se
devotou em serviço do único que realmente possuía o poder para conceder
tal autoridade. Por esta razão, ele foi grandemente exaltado pelo Pai. O
apóstolo Paulo explica isso da seguinte maneira:
E sendo reconhecido em figura humana,
a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de
cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que
está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho,
nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
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