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sábado, 26 de abril de 2014

LEIA O QUE JOHN ROBBINS FALA DOS EVANGELHOS FALSOS

                         EVANGELHOS FALSOS POR JOHN ROBBINS.


Evangelhos Falsos por John Robbins    

Dinheiro falso se parece com dinheiro genuíno e — ele tem que ser assim —, para poder enganar as pessoas. Evangelhos falsos são parecidos com o real, e eles enganam a muitos.
Paulo adverte sobre os evangelhos falsos em duas de suas cartas às igrejas da Grécia e da Ásia. Na segunda carta aos cristãos da cidade grega de Corinto, ele condena os pregadores e evangelistas que “prega[m] outro Jesus que não pregamos [...] ou outro evangelho que não acolhestes”. E em sua carta às igrejas da Galácia, Paulo escreveu: “Estou admirado de que estejais sendo desviados tão depressa daquele que vos chamou pela graça de Cristo para outro evangelho, que de fato não é outro evangelho, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo”.
Paulo irou-se com alguns pregadores, e advertiu os gálatas: “Mas, ainda que nós mesmos, ou um anjo vindo do céu vos pregue um evangelho diferente do que já vos pregamos, seja maldito”.
Essa advertência deveria fazer os pregadores pensar duas vezes sobre o evangelho que anunciam; entretanto, vários deles continuam a pregar evangelhos falsos. Diversos líderes religiosos encontram-se confusos acerca do evangelho de Jesus Cristo. Pensam que o evangelho significa: “Você precisa nascer de novo”.
O evangelho não é isso. Tampouco é: “Você precisa ser cheio (ou batizado com) o Espírito Santo”.
E nem também: “Você precisa ser bom”.
Na verdade, o evangelho de Jesus Cristo não é nenhuma destas coisas:
“Você precisa ser batizado”.
“Você deve falar em línguas”.
“Você deve confessar seus pecados a um padre”.
“Você pode fazer milagres”.
“Espere pelo milagre!”.
“Você precisa ser salvo”.
“Deixe Jesus entrar em seu coração”.
“Você deve se relacionar pessoalmente (ou ter um encontro, ou uma experiência) com Jesus Cristo”.
“Você só precisa acreditar no que a igreja ensina”.
“Arrependa-se de seus pecados”.
“Torne Jesus o Senhor de sua vida!”.
“Coloque Cristo no trono de sua vida!”.
“Jesus foi o melhor homem que já existiu”.
“Jesus deixou-nos o exemplo para que o sigamos até o céu”.
“Creia em Jesus!”.
“Aproxime-se de Deus”.
“Cristo morreu por todos e deseja que todas as pessoas sejam salvas”.
“Jesus quer ver você feliz, saudável e rico”.
“Deus deseja que você receba a unção!”.
“Tempos difíceis não duram para sempre; pessoas duronas, sim”.
“Você é um vencedor!”.
“Deus é amoroso demais para mandar alguém para o inferno!”.
“Faça uma decisão por Jesus”.
“Os cristãos deveriam tomar posse da Terra”.
“Jesus está voltando outra vez!”.
Todas essas mensagens, ouvidas na televisão, no rádio e nas igrejas, todas as semanas, não são o evangelho de Jesus Cristo. Algumas delas são verdadeiras por terem sido retiradas da Bíblia, tal como: “Jesus está voltando de novo!”, mas o evangelho não se resume à segunda vinda de Jesus; ele trata de sua primeira vinda a Terra, há 2 000 anos.

Que é o evangelho?
A palavra “evangelho” significa “boas notícias”. O evangelho de Jesus Cristo não ensina como chegar ao céu, nem sobre o que Deus pode fazer para mudar sua vida, e certamente não diz respeito a sucesso, prosperidade, saúde ou dinheiro. O evangelho não dá dicas para melhorar sua experiência de vida, levantar a auto-estima ou sobre ser bom.
Os discípulos de Jesus cometeram o erro de confundir o evangelho com sua experiência religiosa, e Cristo os advertiu em Lucas 10:
“Depois disso, o Senhor designou outros setenta e dois e os enviou diante de si, dois em dois, a todas as cidades e lugares para onde ele havia de ir [...] E os setenta e dois voltaram com alegria, dizendo: Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome. Ele lhes disse: Eu vi Satanás cair do céu como um raio. Eu vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará mal algum. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós, mas pelos vossos nomes estarem escritos nos céus”.
Esses 72 homens foram escolhidos e enviados pelo próprio Jesus. Os demônios sujeitavam-se a eles. Deus realizava coisas extraordinárias na vida deles. Seu evangelismo era um sucesso espetacular. Entretanto, Jesus lhes ordenou solenemente: “não vos alegreis”. Cristo deu-lhes uma ordem direta para que não se alegrassem com suas experiências, não porque elas não fossem motivo para regozijo, mas porque ignoravam um fato muitíssimo mais importante, algo que não fazia parte da experiência deles: Seus nomes estavam escritos nos céus.
Os discípulos tinham em vista a própria experiência e não o que Deus realizara em prol deles desde a eternidade e o que Cristo faria em breve a fim de completar o plano divino da salvação. Cristo ordenou-lhes alegrarem-se por algo que eles nunca haviam experimentado, algo que Deus fizera completamente fora deles e antes de terem nascido. Isso constitui as boas notícias, isso é o evangelho.
A maiorias dos livros, teses, programas de televisão e sermões autodenominados “cristãos” não são nada mais que histórias sobre experiências maravilhosas vividas por algumas pessoas. Jogadores de futebol, astros cinematográficos, advogados famosos, políticos e líderes religiosos — todos têm experiências pessoais e se regozijam por causa delas. Nenhum deles versa sobre o evangelho. Eles usam expressões do tipo “sentimentos”, “senti”, “impressão”, “tive a sensação”, “euforia”, “orientações”, “emoções” — todas centradas em si mesmos e em suas experiências. Mas o evangelho de Jesus Cristo não diz respeito ao egocentrismo e obsessão por experiências pessoais por si sós.
O evangelho de Jesus Cristo não nos diz para sermos bisbilhoteiros espirituais, não nos diz para procurarmos emoções fortes ou sermos guiados por impressões ou orientações. Ele nos diz para confiar somente no que Cristo realizou no Calvário.
O apóstolo Paulo nos diz o que é o evangelho em 1Coríntios 15:
“Irmãos, lembro-vos do evangelho que vos anunciei, o qual também recebestes e no qual estais firmes. Por meio dele sois também salvos, se tiverdes com firmeza a mensagem tal como a anunciei a vós; a não ser que tenhais crido inutilmente. Porque primeiro vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, Segundo as Escrituras; e foi sepultado; e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.
Isso é o evangelho de Jesus Cristo.
Em sua carta aos cristãos de Roma, Paulo explicou o evangelho desta forma:
“… Pelas obras da lei ninguém será justificado diante dele; pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Mas agora a justiça de Deus manifestou-se, sem a lei, atestada pela Lei e pelos Profetas; isto é, a justiça de Deus por meio da fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção. Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus ofereceu como sacrifício propiciatório [algo que aplaca a ira de Deus], por meio da fé, pelo seu sangue, para demonstração da sua justiça. Na sua paciência, Deus deixou de punir os pecados anteriormente cometidos; para demonstração da sua justiça no tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus [...] Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”.

Verdade e história
Em contraste com os evangelhos falsos pregados na atualidade, o evangelho é verdadeiro, e não uma lenda ou mito. Jesus Cristo foi um personagem humano, real, da história da humanidade, tanto quanto Napoleão Bonaparte ou Dom Pedro I. Alguns líderes religiosos dizem que Jesus foi um mito ou uma lenda: ele nunca teria existido. Isso não é verdade. Ele nasceu da virgem Maria, na pequena cidade de Belém, há 2 000 anos. Viveu cerca de 33 anos, foi sentenciado à morte pelo governo romano, e ressuscitou dentre os mortos três dias depois. Ao ser açoitado e crucificado, seu sangue escorreu até o chão. Jesus Cristo não é nenhum mito.
Em segundo lugar, o evangelho trata de fatos acontecidos no passado: ele é histórico. O evangelho é as boas notícias a respeito do que Jesus fez em prol de seu povo há 2 000 anos. Ele morreu pelos pecados do seu povo, para que estes não tivessem que morrer por causa deles. Cristo foi sepultado e ao terceiro dia saiu vivo de seu túmulo.
Todos esses acontecimentos independem de nossa experiência/ sentimento. Da mesma forma como todos os seres humanos estão condenados por causa da primeira desobediência de Adão, nosso pai — um pecado totalmente fora de nosso alcance —, da mesma forma todo o povo de Deus é salvo mediante a obediência do segundo e inocente Adão, Jesus Cristo — uma obediência totalmente fora de nosso alcance.
A Bíblia ensina que a salvação foi adquirida mediante a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo — por meio de atos totalmente fora de nosso alcance. O evangelho não é uma experiência subjetiva, mas uma verdade objetiva.
O evangelho é verdade, não ficção. O evangelho é história, não experiência pessoal. O evangelho é o que Jesus realizou em prol de seu povo, e não o que as pessoas precisam fazer por ele. Os pecadores não podem fazer nada para merecer ou herdar a salvação. Eles não podem nem mesmo se preparar para a salvação por estarem mortos em seus pecados.

A certeza da salvação
O evangelho é boas notícias por serem notícias de que a salvação é absolutamente verdadeira para o povo de Deus. Não se trata de mera possibilidade ou probabilidade.
Cristo, ao morrer por seu povo, assumiu a punição merecida pelos pecados deles e alcançou para eles salvação real. Ele não abriu meramente a porta do céu para que pudessem entrar quando e se desejassem. Ele não construiu apenas uma ponte sobre o abismo entre os seres humanos pecaminosos e o Deus santo e perfeito para que as pessoas pudessem achegar-se a Deus se o desejassem. Ele atravessou o abismo para levar seu povo de volta ao céu com ele. Ao dizer: “Está consumado”, ele não mentiu. A morte de Cristo realmente obteve a salvação completa de seu povo. Eles não podem fazer nada para merecer a salvação, e não podem contribuir com ela para que ela aconteça.
O compositor de hinos do século 19 estava correto ao escrever:
Nada que minhas mãos fizeram podem salvar minh'alma culpada.
Nada que minha carne laboriosa tenha imaginado pode tornar meu espírito íntegro.
Nada que eu sinta ou faça pode dar-me paz com Deus.
Nenhuma de minhas orações, gemidos e lágrimas pode remover meu peso terrível.
Tua obra somente, ó Cristo, pode livrar-me desse peso do pecado.
Só teu sangue, ó Cordeiro de Deus, pode dar-me paz interior.
Teu amor por mim, ó Deus, não o meu, ó Senhor, por ti,
Pode arrancar-me desta perturbação tremenda e pôr meu espírito em liberdade.
Eu louvo o Deus da graça; Confio em sua verdade e poder.
Ele me chama “seu”; Eu o chamo “meu”, meu Deus, minha alegria e minha luz.
Este é o que me salvou, e liberalmente concede perdão.
Eu o amo porque ele me amou primeiro; vivo porque ele vive.
Nada que pudermos fazer — nenhuma oração, boa obra, nenhum remorso — pode salvar-nos da punição merecida por nossos pecados. Nada do que acontece conosco, ou em nós, pode nos salvar. A salvação do pecado e do castigo eterno no inferno provém exclusivamente de Jesus Cristo. Não é a atuação do Espírito Santo em nós que nos salva, mas a obra de Cristo a nosso favor, quando ele viveu de modo perfeito e morreu, sendo inocente, há dois mil anos em Israel.
Sobre seu povo e a respeito da salvação deles, Jesus disse: “[Minhas ovelhas] ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem. Dou-lhes a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrancará da minha mão”. Cristo dá a seu povo a vida eterna ao outorgar-lhes a fé: “… se com a tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. Ele os faz crer no evangelho: “Cristo morreu pelos nossos pecados”. “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Este é o evangelho de Jesus Cristo. Não há outra forma de ser salvo. Creia nas boas notícias a respeito do Senhor Jesus Cristo hoje.
Todas as citações bíblicas são do Novo Testamento Almeida Século 21 (São Paulo: Vida Nova, 2005).

Evangelhos falsos é uma publicação da Trinity Foundation. Para obter exemplares adicionais deste panfleto, ou mais informações sobre a Bíblia, Jesus Cristo e o cristianismo, por favor, escreva para The Trinity Foundation, Post Office Box 68, Unicoi, Tennessee 37692, USA. Evangelhos falsos , copyright 1994, John W. Robbins.
Traduzido por: Rogério Portella




O CORPO E SEUS MEMBROS

O corpo não é feito de um só membro, mas de muitos. Se o pé disser: “Porque não sou mão, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. E se o ouvido disser: “Porque não sou olho, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, há muitos membros, mas um só corpo. (1 Coríntios 12.14-20)
O plano de Deus é que deveria existir uma dependência mútua entre os crentes; contudo a Bíblia ensina isso primariamente em relação ao ministério público, e não à fé do indivíduo. Diz-se frequentemente, de uma forma ou de outra, que um cristão que está desvinculado de uma comunidade está fadado ao fracasso, mas esse ensino é mais autobiográfico do que bíblico, e é manipulador ao invés de encorajador. Ele é difundido por pessoas fracas ou por líderes que preferem ameaçar pessoas em vez de aprimorar seus próprios ministérios. Ao enfatizarem fé e adoração coletivas, ainda que sua intenção seja supostamente de fortalecer a igreja e seus membros, na verdade seu erro tem sido um fator importante para se perpetuar nos crentes a falta de vigor e compromisso.
O problema é que a sua doutrina equivale a uma negação da plenitude e suficiência de Cristo. Jesus Cristo é suficiente para sustentar e nutrir cada crente em particular totalmente à parte de qualquer outro crente. Há somente um Pai e um mediador entre Deus e o homem, Jesus Cristo. A igreja não é nossa mãe e nosso sacerdote. Antes, cada cristão é um sacerdote divinamente ordenado para a sua posição com plenos direitos de aproximar-se do trono dos céus e receber e administrar tudo o que Deus tem a oferecer por meio de Jesus Cristo. O cristão pode receber tudo de Cristo por meio da fé e pelo contato direto com Deus, sem a assistência da igreja e muito menos a sua permissão. Qualquer doutrina diferente disso é um ataque à suficiência e mediação de Cristo e deve ser considerada heresia.
O foco aqui é o princípio, e não que uma fé isolada é sempre preferível ou que a pessoa deveria deliberadamente buscar esse tipo de fé. E quando a preocupação tem a ver com o princípio, devemos insistir que a doutrina popular que faz da comunidade uma questão de necessidade é uma doutrina que não vem da revelação de Deus, mas da incredulidade e de suposições pessimistas sobre o potencial de um indivíduo perante Cristo. Quando se assume que comunidade é algo necessário para o florescimento ou mesmo para a sobrevivência da fé do indivíduo, encorajar a fé coletiva se torna a mesma coisa que encorajar a fraqueza pessoal. Isso é também um desserviço à comunidade, porque em vez de se reunir por amor, um bando de covardes se reúne agora por necessidade de se deixar arrastar pelos outros.
Jeremias era extremamente solitário, e Paulo teve às vezes de encarar as maiores provações sozinho, mas Jesus Cristo estava com eles e era suficiente para eles. Você diz: “Mas eu não sou Jeremias ou Paulo”. Certo, e enquanto continuar pensando dessa forma você nunca será qualquer coisa parecida com eles. Você não é Jeremias ou Paulo, mas confia no mesmo Jesus Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e sempre, e assim não existe nenhuma diferença. Logo, jamais devemos sacrificar a suficiência de Cristo para preservar a importância da comunhão na igreja. E se você não pode passar o dia sem depender de outro homem para sustentá-lo, ao menos não infecte os outros com a sua incredulidade e fraqueza. Assim também, pregadores que negam a suficiência de Cristo para o indivíduo a fim de preservar a importância da comunidade deveriam ser repelidos. A igreja é de fato plano de Deus, mas não para o propósito de sobrevivência espiritual do indivíduo. Jesus Cristo é suficiente ― mais que suficiente ― para cada pessoa à parte da comunidade. Isso é inegociável.
Quando se trata do contexto público, como em uma reunião de igreja ou tarefas cotidianas da comunidade, o plano de Deus é de fato a dependência mútua, e nenhuma pessoa pode representar todo o corpo ou realizar todas as suas funções. Antes, cada pessoa é posta em seu próprio lugar de acordo com a vontade de Deus. Como escreve Paulo, “De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade”. Não se espera que façamos todos as mesmas coisas ou foquemos igualmente as mesmas coisas. Eventualmente um evangelista poderia enfatizar tanto a primazia do evangelismo que leva todas as outras pessoas se sentirem culpadas por não fazerem tanto quanto ele. Mas ele não está alimentando nenhum órfão. Então aquele que não faz nada mais que alimentar órfãos aparece e faz o evangelista parecer um hipócrita de coração frio. Deus nos colocou em nossas próprias posições, e não devemos definir o corpo como um todo por nenhuma função pela qual estamos obcecados: “Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, há muitos membros, mas um só corpo”.
É aqui que a distinção entre a fé do indivíduo e o ministério público se torna essencial. Como indivíduo, posso realizar em uma pequena escala quase qualquer função no corpo de Cristo, ainda que esse não seja o meu ministério principal. Isto é, posso não ter sido chamado a liderar um projeto nacional para alimentar os famintos, mas eu seria negligente se um pedinte morresse de fome na soleira de minha porta. No entanto, só porque devo alimentar o pedinte na soleira de minha porta, isso não significa que eu deveria liderar um esforço nacional de combate à fome. Em vez disso, talvez Deus tenha me chamado para combater essa confusão ridícula sobre fé pessoal e fé coletiva. Em outras palavras, cada pessoa deveria ser uma crente completa, mas nenhuma pessoa precisa ser uma igreja inteira.
Você pode não pensar em seu dedo mindinho a todo o momento, mas se alguma vez você já o torceu, subitamente percebeu que depende dele o tempo todo. Agora ele dói quando você se levanta, quando se vira, quando caminha. O que acontece se um papel fino corta o seu dedo? Ele dói quando você faz quase qualquer coisa ― dói quando você escreve, quando você dirige, quando você cozinha, quando você lança uma bola ― de modo que “quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele” (v. 26). Da mesma forma, a pessoa que lida com processos burocráticos na igreja, ou talvez faz a contabilidade, recebe pouca atenção; mas imagine o caos se ela for subitamente removida, ou se ela é incompetente ou desonesta.
Para enfatizar uma vez mais o ponto anterior, se você prega na igreja e alguém outro limpa o chão, isso não significa que essa pessoa também limpa o seu chão quando você vai para casa. E se você limpa o seu próprio chão em casa, isso não significa que você deve limpá-lo na igreja, a menos que esse seja o seu emprego. Novamente, Cristo é suficiente para todo crente, para que todo crente pudesse ser completo, mas cada crente não desempenha todas as funções na igreja, de forma que há uma dependência mútua na igreja. Uma teologia da igreja que em qualquer grau compromete a suficiência total de Cristo ou o potencial e a responsabilidade do indivíduo é uma doutrina falsa.
Ora, uma pessoa pode crescer em proficiência, e um dom pode crescer em poder através da oração, do estudo e do uso regular, mas a capacidade parecerá nativa para ela, e não artificial ou forçada. Uma pessoa que não pode desempenhar, digamos, deveres administrativos pode muito bem receber a capacidade após a conversão, mas isso se tornará natural para ela dali em diante. Um olho é um olho porque Deus o fez um olho. Assim também, para um olho ser um olho, basta apenas ele ser ele mesmo. Ele não tem de ser algo que ele não é nem deveria ser invejoso ou fingir ser outro membro no corpo. É assim que ele funcionará de acordo com o seu verdadeiro propósito e potencial.


O EVANGELHO FRUTÍFERO

Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós, Porquanto ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus, e do amor que tendes para com todos os santos; Por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual já antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, Que já chegou a vós, como também está em todo o mundo; e já vai frutificando, como também entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade. (Colossenses 1:3-6)
Todos os cristãos sérios estão preocupados pelos dados estatísticos que sugerem que ser cristão causa pouca ou nenhuma diferença na maneira em que se vive. Temos chegado a nos interessarmos tanto em fazer que as pessoas professem serem convertidas, ao ponto que temos diluído o evangelho que se apresenta no Novo Testamento? É obvio que algo tem mudado. As Escrituras pregadas por Paulo e seus colaboradores provocavam perseguições e mudavam as pessoas juntamente com suas culturas. Roma não foi nenhum obstáculo invencível quando o poder do evangelho estourou na cena da história. Alguém observou que é interessante que em nossos filhos ponhamos os nomes de “Paulo” e “Pedro” e em nossos cães de César e Nero.
Quando Paulo escreveu aos crentes de Colossos estava exaltando o evangelho que havia invadido as culturas de religiões pagãs e expressões loucas do judaísmo junto com a filosofia da cultura grega. Ele inicia com uma ação de graças pelo fruto óbvio do evangelho nos santos daquela cidade. Em meio a ideologia contrária e da oposição dominante, o evangelho estava mudando as pessoas e propagando-se por todo o mundo conhecido. Isto não surpreende aqueles que estão familiarizados com as palavras de Jesus. Ele disse que o evangelho do Reino se propagaria como faz a levedura por toda a massa. Começaria pequeno e tão insignificante como uma semente de mostarda, mas cresceria até chegar a converter-se na planta dominante do jardim.
A evidência inequívoca do evangelho ao menos, é tripla. A fé, a esperança e o amor se fazem sempre presentes quando se abraça o evangelho. A fé é uma classe especial de fé. É fé em Deus por meio de Jesus. Não qualquer fé. Não estamos falando aqui da mera crença na existência de Deus. É a fé de que Jesus é o Filho de Deus; que viveu e morreu pela propiciação dos pecados; que se levantou da tumba; que ascendeu ao trono de Deus para reinar sobre o Reino de Deus na terra; e que regressará para consumar a justiça eterna na terra. Este tipo de fé afeta aquele que a tem. Muda a maneira como pensa e age.
Logo o amor está sempre presente nos santos quando se abraça o evangelho. Este amor vai além do amor humano, além daquele amor que todos os homens têm em alguma medida. É o amor que Deus possui. É o amor especial que vai além da razão. Continua ainda quando a pessoa que está sendo amada deixa de respondê-lo. Não depende de mérito. Seu foco encontra-se em outro lugar em vez de ser em si mesmo. Não é de se surpreender que mude pessoas e culturas. Como poderia alguém negar o poder de tal afeto?
Às vezes a esperança é o membro esquecido do trio, mesmo sendo o fundamento de toda conduta com propósito. Algo aconteceu na história que faz que tudo tenha sentido. Há um futuro que faz que o presente tenha significado. Os recipientes do evangelho possuem uma reserva de bênçãos no banco do céu. Podem fazer saques da conta agora e para sempre. A vida, com todos os seus altos e baixos, não pode derrotar o crente que sabe que não é só um mero cidadão desta presente terra. De alguma forma, lá no fundo, sabe que Deus não vai deixar o seu projeto parcialmente realizado. Haverá um novo céu e uma nova terra. A garantia disto é que algo novo aconteceu em nossos corações.
Estes três elementos inevitavelmente mudam pessoas. Quando a fé, a esperança e o amor estão presentes no coração de alguém, seu mundo se transforma. Logo, o mundo ao seu redor o nota. Não reduzamos o evangelho a algo que não nos oferece esperança de mudança. Abracemos plenamente as boas novas que Jesus trouxe. Elas estão dando fruto por todo o mundo, todo lugar onde se creia verdadeiramente.

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